Pedras
Umas para se agarrar e outras para se remover do caminho
Eis uma das maiores metáforas para pensar nas intercorrências no dia a dia do trabalho. Melhor, na vida em si. Pedras simbolizam firmeza, estabilidade e segurança ao passo em que também indicam conflito, desnível e preocupação.
Pedras são escultura, fundamento e estrutura. São âncora, peso, fardo e lápide. Pedras compõem as mais belas paisagens naturais e estruturas geológicas; pedras compõem as pistas das antigas sociedades em ruínas.
Pedras são minerais sensíveis — há poetas que testemunharam seu choro e sua solidão. Pedras solidificam o argumento e encerram o debate.
Pedras moldam o caminho e o desviam. Permitem, mas proíbem a passagem. Pedras rolaram e se fizeram música; e pedras no caminho se eternizaram poesia — pedra a nunca ser esquecida.
Tem pedra que é só um cisco. Incomoda, mas num sopro se vai e libera a visão outrora impedida. Mas tem outra como cálculo renal: ferina, ardida e dolorosa — motivo da minha convalescênça neste momento e da inspiração para esta pequena abordagem poética, advinda do leito de recuperação.
Pedras das quais precisamos nos livrar, com menos ou mais dor; menos ou mais trauma.
Vai pedra até na sopa. Mais do que uma iguaria ou tempero, a sopa de pedra era uma tecnologia a retardar o resfriamento da comida, pois alocada bem quente mesmo ao fundo do prato. Portugueses as mantiveram na receita mais por tradição.
Pedras indicam tanto solo desértico como terra primorosa para o cultivo dos mais belos varietais de uvas viníferas.
Pedras representam a rotina do labor. Do peso de se carregá-las ao sustentáculo da edificação da qual se extrai o repouso.
Pedra sobre pedra constitui o princípio do fundamento e, imediatamente, o risco de desabar — que só a edificação construída tem.
Pedras dizimaram os dinossauros e hoje sustentam as cidades humanas. Há pedras e pedras aí pela frente. Elas virão hoje, esta semana, este mês, este ano. O negócio é discernir de quais se desviar, em quais se escorar e com quais construir.
Coffice da semana: Brasília Coffee Week
Cofficers de Brasília seguem na função esta semana de aproveitar o giro de 80 cafeterias com menus especiais para se conhecer ou voltar, dentro do Brasil Coffee Week, até o dia 1º de outubro na capital do país. Ao final de outubro o evento aporta em Curitiba (PR), quando faremos nossas indicações por aqui também para a turma paranaense.
Já comecei meu giro por algumas cafeterias — umas pedras não muito metafóricas no meio do caminho me impediram de aproveitar mais. Para esta semana, trago, portanto, as primeiras indicações do meu giro da Coffee Week. Nem todas as casas são exatamente apropriadas para o trabalho remoto — e sempre bom lembrar a comunidade cofficer de nômades digitais que formamos aqui disso. É o caso das duas primeiras a que fui (e coloquei mais duas que já conheço e que são tiro certo).
Garden Café
Belo espaço ali na 211 Norte, uma quadra meio off do circuito gastronômico asa nortista, mas em localidade muito bem aproveitada. Há um trabalho de arborismo ali, um esforço de uma decoração que, de fato, nos desvia daquela urbanidade toda das entrequadras com um caráter um pouco bucólico, embora artificializado.
No menu do Coffee Week servem um expresso e um fudge brownie com calda de chocolate. Simplão e acho que não representa muito a casa, que tem um cardápio bem legal, até de pequenas refeições.
Casinha Café
O Casinha é um lugar bem escondidinho, ali na 411 Norte, simplão mesmo, mas muito necessário. Uma cafeteria vegana que mostra como é tranquilamente possível servir comida de qualidade sem ingredientes de origem animal. Inclusive nos cafés!
Aliás, menu superacertado para o Coffee Week neste setembrão de fazer esguelar cigarra clamando por chuva: um affogato. Produzido com espresso mais sorvete de pistache e leite de aveia, tá bem gostoso e refrescante. Acompanha um brigadeiro de palha italiana.
Los Baristas
Los Baristas é das nossas cafeterias-estrelas de Brasília. Café da mais alta qualidade. No Coffee Week também embarcam na onda de combater o calor com um Nitro Latte, cold brew nitrogenado com leite gelado batido. De comidinha tem o ovo de copinho, pra você furar, achar a gema mole e chuchar os laitos de pão com bacon crocante.
Aha Cafés
O Ahá, como o Los Baristas, já estão na nossa listona de grandes cafeterias da cidade, reconhecidas com o Selo Coffice. Mas fica aqui a dica do menu do Coffee Week, que tem o sanduíche de broa da casa que é uma coisa seríssima de saborosa, com queijo de cabra e salada. Acompanha um coado gelado pra refrescar.
Acesse a programação de cursos, bate-papos, workshops e o menu de todas as cafeterias participantes em brasilcoffeeweek.com.br.
Amei o tom poético!