Esta coluna foi escrita acompanhada de um Especial do Luiz, do Luiz Café, com grãos catuaí 99 fermentados, da Fazenda Reserva Heitor em Patos de Minas (MG)
Antes de virar moda e mesmo de saber que já havia uma ciência teorizada por trás, praticava o coffee nap (café + cochilo). Um cochilo de café. Algo de pra lá de 15 anos topei com o tal estudo que embasava as propriedades restauradoras do coffee nap. Para escrever sobre fui tentar reencontrá-lo (este da Vox chega próximo, mas é “recente”, de 2015). A surpresa foi: há milhares de fontes hoje sobre este tema a uma googada de distância. Procurem, pois toda a minha experiência foi empírica.
A diferença do coffee nap para o cochilo normal, obviamente, é o café. Antítese do sono. E, por isso, um grande aliado do trabalhador que não pode ser dar ao luxo de perder-se na soneca e acordar duas horas depois com um tremendo bode. Portanto, quando daquele quase incontrolável sono após o almoço, reserve um local para descansar.
Nós, trabalhadores remotos ou de rotina de horário suficiente para voltar em casa, podemos fazê-lo na cama mesmo. Mas vale tudo: carro, gramado da rua, pátio, pilotis de prédio, banco da copa da firma, canteiro de obras… Escolhido o local do cochilo, tome um café e, tão logo o termine, deite-se, relaxe e tente dormir.
Dez a quinze minutos o efeito da cafeína te acordará melhor do que muito despertador. Não resista a este efeito. Os estudos apontam esse extra de energia necessário para encarar a segunda metade da jornada como mais eficiente do que só o café e só o cochilo. A união desses dois elementos seria a chave para o equilíbrio de forças perfeito entre descanso e estímulo.
Descanso e estímulo é também o antídoto para uma das maiores mazelas a afetar a pessoa trabalhadora no pós-pandemia: a síndrome de esgotamento profissional, ou, do inglês, burnout. Entrou para nosso vocabulário corriqueiro, infelizmente. O coffee nap não é, naturalmente, a resposta — nem me atrevo a defendê-lo como condição científica para enfermidade nenhuma. Cito apenas como um método razoavelmente eficaz para contribuir com a receita dos bons hábitos a agregarmos.
Nem sempre dá? Nem sempre dá. Mas a gente sabe que com disciplina somos bem capazes de tirar um momentinho para nós em meio ao turbilhão da vida — aliás, quando trabalhava em escritório, já pratiquei meus 15 minutos de coffee nap no banheiro e até mesmo na gélida sala dos servidores da TI, em meio à “fiarada”. Dar os pulos. Hoje, devido a uma nova rotina, já não pratico o coffee nap desta forma.
A questão, contudo, que gostaria de dividir com vocês está mais para a ordem do descanso, como citei. Esta deve ser a newsletter sobre trabalho em que mais falamos sobre descanso. E isso é proposital. Meu próprio conceito de coffice (praticar o escritório na cafeteria) carrega consigo o elemento de usar a cafeteria também como lugar de repouso, entreposto do trabalho, ou seja, descanso, restauro.
Restauro, aliás, é vocação primordial da cafeteria — e, por extensão, de toda a premissa da hospitalidade. A gente continua semana que vem neste ponto da restauração. Para hoje fiquemos com a necessidade de agregarmos à nossa rotina bolsões de descanso, seja em forma de café ou de cochilo ou de ambos.
Coffice da semana: King Cafés (GO)
O espaço onde se encontra a King Cafés, no Setor Oeste de Goiânia, não se limita ao do café. Aliás, bem pouco está reservado para o serviço desta que é uma das principais marcas de café especial na capital goiana. O Espaço FR é reservado a arquitetura, design de interiores (não consegui entender tão bem, pois o visitei ao fim de semana).
Aliás, foi o melhor momento para um rápido coffice, acompanhado não só dos quitutes típicos (pão de queijo, broa e, claro, empadão - neste caso chamado de empada mega). Aos fins de semana, o espaço é menos agitado e concorrido. Pode-se usar para plugar o computador. Há também ambientes com bancos e sofás mais para dentro, onde é possível estacionar para uma leitura pós-café. Mas o King é vizinho de uma gelateria artesanal bem legal, a Fava Sorvetes, com um ótimo de baunilha do Cerrado. O affogato da casa, aliás, é feito com o café do King. Os sabores variam diariamente e são limitadíssimos.
De volta à cafeteria. Ela tem um perfil mais até de loja (aliás, vale dar uma conferida, o link está na menção no primeiro parágrafo), embora o trabalho de barismo esteja lá bem respeitado e com métodos diversos para quem curte variar, além dos cafés autointitulados “foda”. Muito cafezão mesmo, embora tivesse me atido à bravilor (café coado repousado na térmica especialzona).
E já fica o aviso: logo mais assinantes pagos de Coffice vão receber em suas caixas de e-mail o roteiro completo do café especial em Goiânia. Mas ninguém se sinta desprestigiado, pois toda semana continuo a salpicar as resenhas das cafeterias de lá também.