Não teve nem café hoje para acompanhar esta edição. Reivindico meu feriado
Bom dia, guerreirada! Eis nosso grito de guerra para o início da jornada semanal de trabalho. Não foi à toa que elegemos a segunda-feira para este cafezinho eletrônico chegar ao seu e-mail. Mas, hoje, não tem (meio que tem) newsletter. Saúdo nossa folga (nem de todo mundo) e gostaria de marcar este dia tão especial para remomorar nossa labuta diuturna.
Guerra, batalha, luta… Sei lá se aprendemos esse vocabulário belicoso em língua portuguesa via Os Lusíadas para aludir às agruras da vida moderna. Despertamos em uma segunda-feira e saímos à batalha. Nós, trabalhadores remotos praticantes do coffice, acampamos em alguma cafeteria, onde organizamos nosso front, engatilhamos nossas máquinas em tomadas e tomamos um bom café para, corajosamente (ou não), lutar a batalha do dia.
As metáforas de tempos de guerra são prato cheio para refletir sobre o trabalho, de fato. Mas o 1º de maio é fruto de lutas não exatamente metafóricas, de carabinas e espadas. Em consequência da Revolução Industrial, as relações de trabalho tiveram enorme impacto social. Um dos legados foram extenuantes horas de trabalho — para trabalhadoras e trabalhadores “chão-de-fábrica”, claro.
O Dia Mundial do Trabalho, ou Dia do Trabalho, ou Dia do Trabalhador, teria sido resultado de uma das lutas sindicais (termo que a massa de mão-de-obra organizada passa a adotar com reflexo até os dias atuais). O marco desta data vem de uma greve geral na Chicago (EUA) de 1886. Foi guerra. Literalmente. Com bomba, gente morta, etc.
No Brasil, as greves gerais de 1917 instigaram a implementação da celebração da data (primeiramente por canetada, em 1924 e en 1943, e, depois, em 1949 na forma da Lei 662). No mundo, cerca de 80 países reservam este dia para nós, guerreiras e guerreiros sem armas em riste.
Mas insistimos na comparação bélica. Cada dia é uma luta, uma batalha, que leva ao fim de uma jornada: a guerra. Uma guerra fria, existencial, na qual buscamos sucesso, triunfo, vitória. Onde começa e onde termina? Gostei muito da resposta do astro grego (e um dos meus jogadores favoritos para acompanhar hoje em dia) Giannis Atentokuompo à pergunta cretina de um repórter. Vocês devem ter visto. Viralizou esta semana, tamanha a assertividade do comentário. Numa metáfora esportiva diria que o jornalista deu uma assistência para uma ponte aérea do Greek Freak.
A questão é que no mundo do trabalho, como nas guerras, buscamos os louros da vida (para si ou para uma nação, classe, segmento, grupo de pessoas). Camões ilustrou assim numa de suas estrofes:
“A que novos desastres determinas De levar estes Reinos e esta gente? Que perigos, que mortes lhe destinas, Debaixo dalgum nome preeminente? Que promessas de reinos e de minas D'ouro, que lhe farás tão facilmente? Que famas lhe prometerás? Que histórias? Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?”
Mas, lembremos. Nem todo dia precisa ser luta, nem toda jornada uma guerra. Cancelamos a batalha de hoje. Deixemos as armas e visitamos os pijamas